A Lua é Amarela

A luz é tão forte que bate em sua janela e te faz acordar em meio a madrugada e você já não sabe mais se tenta voltar a dormir ou se segue a luz e vê onde ela vai chegar.
Não! Não tente voltar a dormir, você pode estar perdendo o momento de olhar por mais uma vez para uma das perfeições desse nosso mundo imperfeito.
Essa luz reflete em sua memória, e a nostalgia invade o seu eu de uma tal forma que você só consegue lembrar das outras vezes que seus olhos se depararam com essa mesma iluminação vinda do alto.
As palavras te faltam pra descrever o que isso significa, mas não é necessário, assim como muitas vezes o silêncio em uma conversa por telefone é necessário para toda e qualquer explicação, assim como nossos olhos dizem "eu te amo" a cada segundo, poupando as nossas cordas vocais de um desgaste e os nossos ouvidos de um som repetitivo. Nada disso tem um significado concreto, à tudo isso chegamos em um substantivo abstrato.
Concreto é só a certeza que tive quando revolvi não tentar voltar a dormir e decidi seguir a luz, eu ainda não cheguei, mas volto a não ter explicação de como é estar à caminho.

θυσία

Algo queima dentro do seu coração de uma tal forma que você depara perguntando-se se aquilo é loucura. É uma voz que fala a todo momento e você até tenta colocar as mãos sobre os ouvidos e cobre a cabeça com o travesseiro, mas de  nada adianta, a nossa mente continua a reproduzir o mesmo som, o mesmo pedido...pedido que podemos chamar agora de sacrifício.
Ao abrir os olhos na manhã de ontem a certeza foi consumada dentro de um coração sujo, as lágrimas caiam não por causa do sacrifício que deveria ser feito, mas porque você acaba vendo que o que está sendo pedido não será nada perto do que já foi feito quando você não merecia nenhuma gota de sangue.
Você passa o dia sem entender muito bem o que está acontecendo com o você, mas apenas uma palavra servirá para que suas lágrimas sejam capazes de atingir o solo e o gemido do seu choro chegue a parecer com o de uma criança que tem sua bexiga roubada.
Se você que está lendo acha que é um sacrifício ter que acordar todos os dias às 5 da manhã e abandonar suas cobertas nesses dias frios de inverno, é porque você ainda não quis abrir os ouvidos pra quem está tentando falar ai dentro de você.
Um carro, uma câmera fotográfica, três bolinhas de malabares? É, acho que isso não faz sentido algum, mas as coisas realmente não fazem sentindo e nem deveriam fazer, aprendo a cada dia apenas a aceitar o que acontece sem me questionar o porque, aprendo a cada dia apenas a ser totalmente dependente de quem faz acontecer e pode ter certeza de que acontece.
Procure abrir os olhos, eu abri os meus e vejo uma pequena nuvem, do tamanho da mão de um homem. Faça o teste de tirar as mãos dos seus ouvidos também, basta você querer ouvir.